A médica Geysa Leal Corrêa, responsável pelo procedimento cirúrgico de Silvia de Oliveira Martins, que morreu no último domingo após passar por uma lipoaspiração, filmou a advogada após a cirurgia. Em vídeo gravado momentos depois da operação, Geysa mostra o resultado da intervenção estética e fala das dificuldades do procedimento. Era a terceira vez que Silvia recorria ao trabalho de Geysa. Segundo um amigo da advogada, ela pagou R$ 14.350 pela operação.
No vídeo gravado pela médica, Silvia aparece ainda deitada na maca, apenas com as partes íntimas e o rosto coberto. Segundo familiares da advogada, esse vídeo foi publicado pela médica em um grupo com pacientes. De acordo com informações recebidas por parentes, era comum Geysa gravar os pacientes e postar no grupo para "mostrar os resultados". No vídeo, ela mostra a barriga de Silvia e diz:
"Gente, HD (modalidade de lipoaspiração que promove uma definição maior do contorno dos músculos na pele do que a convencional) feita. Só que ela tinha muita, muita, muita, vou falar mais umas mil vezes, fibrose. Quando tem fibrose demais, eu não posso 'lipar' profundo porque um desvio de nada e corre o risco de perfuração. Então, eu quebrei tudo. E agora vai ser quebrado manual, na drenagem. Vai melhorar, sim, mas dentro da segurança".
Nesta quarta-feira, parentes de Silvia estiveram na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) para fazer um registro de ocorrência sobre o caso. Os parentes suspeitam de que a morte foi consequência de imprudência da médica, que já havia sido condenada, em 2022, pela morte de outra paciente. O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), inclusive, abriu sindicância para apurar a conduta da médica responsável pelo procedimento cirúrgico.
Em 2021, o Ministério Público do Rio denunciou Geysa pela morte de uma paciente, que teve complicações após uma hidrolipo, lipoaspiração com enxertia. Em 2022, ela foi condenada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e teve restrição de direitos e pagamento de multa como penas.
"Considerando a primariedade do réu, o qual conta com todas as circunstâncias judiciais favoráveis, e, ainda, a pena inferior a 4 anos por crime cometido sem violência ou grave ameaça em concurso com crime culposo, impõe-se o benefício da substituição da pena privativa de liberdade por restrita de direitos", diz parte do acórdão.
Em um comunicado enviado à imprensa, o advogado da médica, Lymark Kamaroff, lamentou a morte de Silvia e afirmou que "não há nexo de causalidade entre a intercorrência sofrida pela paciente e atuação da Dra. Geysa". Que a médica "sempre agiu diligentemente, seguindo os padrões preconizados pela boa técnica e que infelizmente intercorrências cirúrgicas podem ocorrer". Ele reforçou que todas as pacientes de Geysa assinam um termo de consentimento para a possibilidade de ocorrer um evento adverso, que pode ser uma complicação ou intercorrência, como o caso de Silvia e que esta foi a terceira intervenção cirúrgica feita por Silvia com Geysa. A primeira foi em 2019 e outra em 2020.
O advogado disse ainda que Silvia foi devidamente informada sobre os riscos e benefícios da cirurgia, bem como sobre as possíveis limitações do procedimento. Além disso, foi acompanhada pelo médico e sua equipe em todas as fases da cirurgia, recebendo todos os cuidados e orientações.