Médicos executados no Rio de Janeiro foram atingidos com pelo menos cinco tiros cada; maioria no peito

 

Médicos de SP são mortos a tiros em quiosque na Barra da Tijuca - Todas as vítimas eram de SP e tinham vindo para um congresso internacional de ortopedia. Na foto, Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida — Foto: Reprodução

Linha de investigação da polícia relaciona semelhança física do ortopedista Perseu Ribeiro de Almeida, de 33 anos, com a do miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26

Os médicos executados no Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira, foram baleados, cada um, com cerca de cinco tiros, a maioria no peito. Eles estavam no Quiosque Naná 2, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, quando homens desceram de um carro branco na Av. Lúcio Costa, próxima à orla da praia, e efetuaram os disparos. A ação durou 25 segundos, nenhum pertence foi roubado. A Polícia Civil acredita que o crime pode ser engano, já que uma das vítimas, o ortopedista Perseu, tem aparência semelhante ao do miliciano Taillon, que mora naquela vizinhança.

A única vítima que levou tiro acima do pescoço foi Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos. Ele era diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Nos vídeos das câmeras de segurança do quiosque, é possível ver que Marcos é o único que morre sentado em uma das cadeiras do local.

O que já se sabe

Um funcionário do quiosque afirmou que os médicos haviam pago a conta e aparentavam estar de saída do local. As câmeras de vigilância marcavam 0h59 desta quinta-feira quando um carro estacionou sobre a faixa de pedestres: com a luz de freio acionada, três homens armados desembarcaram, um por cada porta, e miraram no grupo de ortopedistas: Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos; Perseu Ribeiro de Almeida, de 33; Diego Ralf Bomfim, de 35, e Daniel Sonnewend, de 32 anos.


Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, passou por cirurgia nas pernas e está em estado estável, no Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra. Além dele, os outros ortopedistas estavam no Hotel Windsor, que fica localizado em frente ao Quiosque Naná 2, onde o crime aconteceu, para assistir a um congresso da especialidade médica que acontece de quatro em quatro anos.


Os médicos chegaram na última quarta-feira num voo de Congonhas para o Santos Dumont. Segundo a TV Globo, os homens teriam ido ao quiosque assistir ao jogo do Fluminense. Dois deles apareciam com camisas de time. Os criminosos dispararam 33 tiros de pistolas 9mm.

Parentesco com Sâmia Bomfim chamou atenção
Diego Ralf Bomfim, de 35 anos, é irmão da deputada federal pelo PSOL Sâmia Bomfim e cunhado do também deputado Glauber Braga, do mesmo partido. O médico chegou a ser levado para o Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu aos ferimentos.

Uma nota assinada pela deputada Fernanda Melchionna, que foi escolhida para falar em nome da família, afirma que Sâmia "está devastada nesse momento terrível de perda e dor, assim como o seu companheiro Glauber Braga, que a acompanha neste momento". Os parentes de Diego Bomfim prestaram solidariedade com os familiares de todas as vítimas do que chamaram de "crime bárbaro", agradeceram as mensagens de apoio que receberam e cobraram rigor nas investigações.

"Pelas imagens divulgadas pela imprensa, tudo indica que se trata de uma execução. Exigimos imediata e profunda investigação para descobrir as motivações do crime, assim como a identificação e prisão dos executores. Já pedimos ao ministro da Justiça, Flávio Dino, o acompanhamento do caso pela Polícia Federal e estamos formalizando a solicitação com o ministério", diz a nota.

Miliciano ganhou condicional em setembro
Documentos obtidos pelo GLOBO revelam que Taillon Barbosa obteve livramento condicional em 25 de setembro deste ano. Segundo o processo, ele mora na Avenida Lúcio Costa, na mesma avenida onde os médicos foram assassinados. Seu apartamento fica a 750 metros do quiosque onde aconteceu o crime.

A decisão do livramento condicional, assinada pelo juiz Cariel Bezerra Patriota, determina que Taillon compareça ao juízo a cada três meses para comprovar suas atividades. Ele precisa voltar para casa às 23h e permanecer durante toda a noite. Também é sua obrigação "porta-se de acordo com os bons costumes", não se ausentar do estado, não se mudar sem comunicação ao juízo.


O que ainda não se sabe

Embora a polícia não descarte a possibilidade de as mortes terem acontecido devido a semelhanças físicas entre Perseu Ribeiro de Almeida, de 33 anos, e um miliciano que frequentava e morava perto do lugar, Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, as investigações seguem em andamento. A polícia federal foi envolvida no andamento das diligências do caso.

Elas darão conta de confirmar as motivações do crime e de descobrir quem são as pessoas envolvidas em ordenar os homicídios. A respeito dos ataques, de acordo com a PM, agentes fizeram buscas na região, mas não conseguiram localizar os suspeitos. O policiamento foi reforçado.

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