Estresse e desequilíbrio emocional podem ser causas de brigas no trânsito, dizem especialistas

Estresse e desiquilíbrio emocional podem ser causas de brigas no trânsito, sugerem especialistas — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

Um fechamento no trânsito, uma disputa por vaga de estacionamento ou uma imprudência qualquer podem ser motivos suficientes para desencadear atos de agressividade no trânsito. Para especialistas, esses conflitos podem ser resultado de estresse ou desequilíbrio emocional, características que, segundo apontam, pioraram com a pandemia de Covid-19. Para reduzir os desentendimentos, afirmam ser necessário maior frequência nas avaliações psicológicas de motoristas e correção de problemas no trânsito, como sinais desregulados e falta de sinalização.



Janaína Sant Anna, psicóloga especialista em trânsito e integrante do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-RJ), órgão consultivo do estado, acredita que uma das saídas para reduzir os casos de agressividade no trânsito é a avaliação psicológica periódica de todos os motoristas e não apenas os profissionais, como os que dirigem ônibus, caminhões ou carros por aplicativo.


— As pessoas estão descontroladas e a pandemia trouxe um pouco desse comportamento, que as deixa sem controle dos impulsos e mais agressivas. Um grande problema é que quando os motoristas obtêm a carteira de habilitação passam por avaliação psicológica, mas ela nunca mais é refeita se o objetivo não for fazer o uso remunerado daquele documento. E tem ainda os transtornos, que a qualquer estímulo podem provocar uma explosão de fúria e fazer agredir outras pessoas — aponta Janaína Sant Anna.


Armando de Souza, presidente da Comissão de Trânsito da OAB-RJ, afirma que para ajudar na redução dos conflitos é importante haver correção dos sinais de trânsito desregulados, por exemplo, assim como da desorganização do tráfego, que a seu ver contribuem para aumentar os estresse dos motoristas.


— Isso (casos de agressividade no trânsito) me assusta como advogado e especialista em matéria de trânsito, porque está crescente. Está virando uma rotina. Tem que ter um basta, não pode normalizar. Para estancar é preciso que as autoridades garantam um trânsito seguro, confortável para os motoristas e que os deslocamentos não sejam estressantes — sugere Armando.


Casos recentes

A professora Diana Campos Lopes, moradora na Ilha do Governador, foi alvo de uma fúria na sexta-feira da semana passada. Ela estava chegando em casa e ligou a seta para sinalizar que entraria na garagem. Um casal que vinha devagar em outro veículo foi fechado por ela. Não houve batida. Mesmo assim, a dupla parou o veículo mais adiante, desembarcou, arrancou a vítima do volante e começou a espancá-la. Diana foi atacada com socos e chutes. Em seguida, o motorista entrou no carro, acelerou e arrastou a vítima por alguns metros.


— Foi uma violência, uma agressão por motivo fútil, só porque passei na frente? Eu tô com medo — disse Diana, em entrevista ao "RJTV", da Rede Globo.


Também na Ilha, uma diretora de um curso localizado no bairro Jardim Guanabara foi agredida no trânsito. Raquel Schwab foi arrastada por cerca de 20 metros por uma motorista após pedi-la que liberasse uma vaga de estacionamento em frente ao estabelecimento. O caso que aconteceu no dia 18 de junho foi flagrado por câmeras de segurança. A vítima contou na delegacia que apoiou a mão direita no vidro do carro, no lado do motorista, que arrancou com o veículo, sem permitir que ela se soltasse. Arrastada, acabou caindo no chão desacordada.


O delegado Felipe Santoro, da 37ª DP (Ilha do Governador), que está investigando os dois casos, afirmou já ter conseguido identificar os autores da agressão à Diana. Com relação à diretora do curso, informou que está apurando a autoria.


Um homem de 44 anos viu a morte de perto ao ser agredido com socos e pontapés durante uma briga de trânsito em Rocha Miranda, na Zona Norte. Pai e filho foram presos por policiais da 40ª DP (Honório Gurgel) acusados do crime. A dupla também roubou o telefone celular da vítima, que chegou a desmaiar. O pai, Edmar da Silva Ferreira Júnior, de 43 anos, foi preso nesta quarta-feira, no Centro, e o filho, Juan Matheus Cordeiro Ferreira, de 20, nesta quinta, em Irajá, também na Zona Norte. Contra eles foram cumpridos mandados de prisão preventiva.


Na Zona Sul, câmeras de segurança registraram no último dia 11 uma briga de trânsito envolvendo um homem e um idoso de 71 anos na Rua Doutor Neves da Rocha, no Jardim Botânico. As gravações mostram o idoso sendo agredido pelo homem após um impasse no agitado trânsito do bairro. Para piorar a situação, ele estava com seu neto no carro, a caminho da escola.


Em Volta Redonda, no sul do estado, uma discussão de trânsito envolvendo dois motoristas, um motociclista e um ciclista aconteceu depois dos veículos terem praticado um festival de irregularidades em cima de um viaduto local. Um dos carros fez uma conversão proibida, causando a colisão entre outros veículos e a motocicleta que vinham logo atrás. O motociclista voou e caiu sentado em cima do carro da frente, não tendo se ferido.




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