Febre do Oropouche: Pernambuco investiga mais três casos de fetos mortos em gestantes que tiveram sintomas da doença

 


Das quatro casos de perda gestacional notificados até agora, dois tiveram diagnóstico confirmado para a infecção. Estado ainda investiga se vírus causou interrupção da gravidez.

Febre Oropouche é causada pelo mosquito maruim (mosquito-pólvora ou borrachudo) — Foto: Reprodução/SES


A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou, nesta terça-feira (23), que identificou a morte de mais um feto infectado com o vírus da Febre do Oropouche em Pernambuco. Segundo o governo, outros dois casos de perda gestacional em mulheres que tiveram sintomas da doença são investigados.


Com isso, subiu para quatro o número de abortos registrados desde os primeiros registros de Oropouche no estado. Por enquanto, não há comprovação de que a infecção tenha causado a interrupção das gestações.

Até o momento, foram notificados 82 casos de Febre do Oropouche em Pernambuco. Em entrevista à TV Globo, o secretário executivo de Vigilância em Saúde e Atenção Primária, Bruno Ishigami, disse que, dos quatro casos registrados, dois tiveram diagnóstico confirmado para a doença, enquanto outros dois seguem em análise.


"A gente recebeu a informação de outras três gestantes que haviam apresentado sintomatologia positiva para arboviroses, que são febre, dor de cabeça, manchas no corpo, sintomas inespecíficos de dengue, zika e Chikungunya. E pouco tempo depois, essas gestantes haviam parado de sentir o bebê, de mexer também, evoluindo para o óbito fetal", afirmou Bruno Ishigami.

O primeiro caso de aborto numa gestante com Febre de Oropouche foi divulgado pela SES no dia 11 de julho e aconteceu no município de Rio Formoso, na Zona da Mata Sul do estado. A segunda paciente, confirmada agora, é de Ipojuca, no Grande Recife.


Segundo a secretaria, a morte do feto se deu na 30ª semana de gestação, assim como a primeira, e as amostras biológicas foram levadas ao Laboratório Central de Pernambuco (Lacen), que comprovou a presença do vírus.


De acordo com o médico Bruno Ishigami, não há, por enquanto, uma conclusão científica sobre a relação entre o vírus, que é transmitido por maruins e muriçocas, e a morte de fetos durante a gravidez.


"Já havia relatos dessa possibilidade na literatura [científica], mas não havia nenhuma comprovação de que o vírus do Oropouche poderia passar da mãe para o bebê, que é a transmissão vertical (...). Apesar de termos dois casos de óbito fetal, tendo a amostra de Oropouche positiva nos tecidos, não dá para a gente afirmar ainda que o que está ocasionando a morte do bebê é o vírus", explicou o secretário executivo de Vigilância em Saúde.


Ele informou também que a investigação das mortes dura entre 30 e 60 dias. "A gente precisa analisar uma série de fatores antes de dizer que o óbito ocorreu em decorrência disso", disse.


Se for confirmado que os fetos morreram por causa do vírus, seria o primeiro caso já registrado no mundo. Para evitar novos contágios, a orientação das autoridades de saúde é utilizar repelentes, principalmente os que são à base de icaridina, que têm uma duração de até 10 horas.


"No caso do Oropouche, ele tem um pouco de dificuldade [para combater] porque é um inseto muito pequeno, mas, ainda assim, a gente recomenda o uso de telas em portas e janelas para reduzir a entrada do inseto. [O mosquito] é muito característico em áreas de mata, onde tem bananeira (...). O horário de circulação do mosquito é entre 16h e 18h. E [deve-se] cobrir a pele", detalhou Bruno Ishigami.

Primeiro caso

De acordo com a Secretaria de Saúde de Pernambuco, a primeira mulher que perdeu o feto teve diagnóstico de dengue e chikungunya e tinha histórico de contato com pessoas diagnosticadas com Oropouche, mas não teve sangue coletado a tempo para que fosse evidenciada a presença da doença.


Por causa do abortamento, a secretaria coletou material do feto e mandou para análise no Instituto Evandro Chagas, no Pará, que é referência em pesquisas sobre arboviroses.


A secretaria afirmou, também, que esse é o primeiro caso de perda gestacional que é possível descrever na literatura médica. Por causa disso, a investigação está sendo feita pela SES e por representantes do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Evandro Chagas e do município de Rio Formoso.


Desde o dia 18 de julho, o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen) confirmou mais dez casos de Febre do Oropouche no estado. Todos eles foram notificados nos municípios de Camaragibe, no Grande Recife, e Jaqueira, na Zona da Mata Sul.


Também registraram casos de Oropouche as seguintes cidades:


Rio Formoso

Jaboatão dos Guararapes

Moreno

Catende

Itamaracá

Maraial

Timbaúba

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