Conselho de Medicina nega conduta racista na peça publicitária; outdoors também mostram pessoas brancas
Uma campanha publicitária do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), veiculada em outdoors espalhados por Salvador, gerou polêmica entre a classe médica baiana - e não somente nela. Em uma das três peças da publicidade, a imagem espelhada de uma mulher negra é acompanhada da frase: “Uma delas é falsa. Na dúvida, consulte o site do Cremeb”. O intuito era alertar sobre os riscos dos falsos profissionais, mas pessoas apontam que a campanha incita o racismo.
As discussões sobre a campanha ganharam força nas redes sociais a partir de um vídeo publicado pela professora e escritora Bárbara Carine. Em seu perfil no Instagram, ela denuncia a campanha e defende que a publicidade reforça estereótipos racistas. O vídeo teve mais de 750 mil visualizações em dois dias. Além de 2,6 mil comentários, a maioria deles questionando a peça publicitária.
“Isso que o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia fez é muito bizarro. Incita pensamentos racistas, reforça o estereótipo racista do ponto de vista social que permeia esse imaginário coletivo social”, diz Bárbara Carine, que é idealizadora da primeira escola afro-brasileira do Brasil. Na publicação, a professora não diz que a campanha é uma das três veiculadas pela instituição médica.
Além do outdoor que contém a imagem de uma mulher negra que representa uma médica, outras duas estão espalhadas em Salvador. Em uma delas, uma mulher branca e, em outra, um homem branco aparecem representando médicos. Um dia após a primeira publicação, Bárbara Carine publicou outro vídeo, comentando as demais campanhas e reforçando seu posicionamento.
“Uma diversidade muito pouco inteligente, ao colocar um sujeito isolado ali, para representar algo de negatividade. Como falei, eu só vi, no meu trajeto, pessoas negras. Muitas outras pessoas negras podem só se ver. E se pessoas negras estão trazendo que estão incomodadas, isso deveria ser minimamente um sinal de sensibilidade para essa problemática”, afirma.
Até a manhã desta segunda-feira (14), a publicação tinha alcançado 143 mil pessoas e tinha cerca de 400 comentários. A repercussão foi significativamente menor do que a primeira publicação. Bárbara Carine foi procurada pela reportagem, mas preferiu não conceder entrevista sobre o assunto.