Criança de 4 anos morta a tiros em Santos teve o pai alvejado pela polícia em fevereiro

A criança morta em meio a um confronto policial na terça-feira (5), em Santos, em São Paulo, perdeu o pai em fevereiro: Leonel Andrade Santos, de 36 anos, foi atingido por tiros de fuzil após ter supostamente atirado contra policiais militares. Relatório elaborado pela Ouvidoria da Polícia e outras entidades, no entanto, ouviu familiares sobre o caso e eles relataram que o homem usava muletas no momento do confronto e não poderia ter atirado contra os policiais.


Os dois casos ocorreram no Morro São Bento. Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, morreu durante uma suposta troca de tiros entre a PM e suspeitos. Segundo o boletim de ocorrência, três agentes da Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) patrulhavam a região do Morro na terça quando encontraram cerca de dez homens nas proximidades de uma área conhecida por ser ponto de tráfico de drogas.


Os policiais perseguiram os homens, que teriam disparado contra os PMs. Os agentes solicitaram apoio de mais viaturas e houve nova troca de tiros. Dois suspeitos foram baleados e os demais, segundo o boletim, fugiram do Morro por uma área de mata. Um deles, um adolescente de 17 anos de idade chamado Gregory Ribeiro Vasconcelos morreu e o segundo segue internado na Santa Casa de Santos.


A criança, Ryan, foi atingida durante o confronto e socorrida por moradores, que a levaram para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos.


Já o pai do menino morreu em 9 de fevereiro. Segundo relatos de familiares e moradores, dois homens estavam conversando quando foram surpreendidos por policiais que saíam de uma área de mata.


Segundo o boletim de ocorrência, os homens estariam armados e teriam reagido à abordagem policial. Morreram Leonel Andrade Santos, o pai de Ryan, e Jefferson Ramos Miranda. Parentes das vítimas, entretanto, contam uma versão diferente: a esposa de Leonel disse para o relatório da Ouvidoria que seu marido usava muletas e não poderia ter atirado nos policiais.


Ela ainda apresentou laudos que comprovariam que o marido era beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência. Após os tiros, os policiais teriam isolado o local e impedido a aproximação de familiares e moradores. Leonel estaria de muleta no momento do assassinato e o item não foi encontrado depois pela família.


Ainda de acordo com testemunhas ouvidas pela Ouvidoria, os policiais teriam proibido que familiares se aproximassem dos corpos, que ficaram um sobre o outro "por cerca de duas horas, ainda vivos e agonizando, antes de serem removidos por uma ambulância para a Santa Casa de Santos, onde o óbito foi constatado".

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