Vítima dormia quando sua casa foi destruída pela força da água
O rompimento de uma adutora em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio de Janeiro, durante a madrugada deste terça-feira deixou uma idosa morta. A vítima é Marilene Rodrigues Lima, de 79 anos, que dormia quando a adutora subterrânea se rompeu e destruiu o imóvel. O corpo de Marilene levou cerca de 5 horas para ser retirado dos escombros da casa, localizada na Rua das Opalas, em Rocha Miranda. O rompimento da adutora aconteceu por volta das 3h30.
Monique Cristina Braga de Souza, uma das cinco filhas de Marilene, contou que o rompimento foi assustador:
— Era muita água, muita água. Quando vi a situação, só conseguia pensar na minha mãe, em salvá--la, mas era tanta água que não tinha o que fazer. Ela era tão magrinha.
A filha morava ao lado da mãe, na casa 97. Segundo ela, a Defesa Civil já fez perícia e confirmou que o imóvel, de três andares, não corre risco de desabamento. As duas são nascidas e criadas na região.
— Minha ideia era me mudar e levar a minha mãe, mas não deu tempo. Eu sabia que ia ser difícil convencê-la a sair. Ela amava morar neste lugar, mas os problemas eram recorrentes aqui — disse ela, referindo-se a outro rompimento de adutora, que aconteceu na manhã do último domingo.
Sua cuidadora, chamada Suelen, foi retirada com vida dos escombros. Segundo o relato, ela ficou por uma hora presa e escapou praticamente sem ferimentos.
A enxurrada derrubou paredes, telhados e muros e arrancou o asfalto da via. Devido à força das águas, rodas dos carros ficaram cobertas e uma deles foi carregado. Pedaços do cano estourado ficaram espalhados pela via, em meio a muita areia.
Em nota, a Águas do Rio informa que "se solidariza com à família de dona Marilene e está junto à família prestando toda a assistência necessária neste momento de dor. Equipes de Responsabilidade Social estão no local para oferecer todo o suporte necessário para o acolhimento das famílias impactadas".
Afirmou ainda que "técnicos estão realizando perícias e estudos de engenharia que definirão as ações e reparos necessários na tubulação. É importante destacar que o sistema de abastecimento herdado é antigo, como relatado pela população do bairro, e sua modernização está sendo realizada de forma gradual desde o início da concessão".
Ainda segundo a concessionária, "o abastecimento da região metropolitana está impactado pela paralisação do sistema Guandu e por uma parada emergencial em Lages para reparo. A normalização do sistema deve ocorrer em até 72 horas após a conclusão dos serviços".
O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado para a ocorrência e uma vítima feminina adulta, com escoriações nos membros, foi resgatada com vida, recebeu os primeiros-socorros no local e recusou encaminhamento para a unidade hospitalar. Além dela, um cachorro foi resgatado com vida.
Destruição total
A enxurrada derrubou paredes, telhados e muros e arrancou o asfalto da via. Devido à força das águas, rodas dos carros ficaram cobertas e uma deles foi carregado. Pedaços da tubulação que rompeu ficaram espalhados pela via.
Vizinhos relataram que foi a segunda vez no mês que a região sofreu com rompimentos. Segundo o g1, a canalização, feita de concreto, data de 1949 e possui uma vazão de 500 litros por segundo. O tubo é tão amplo que permite que um adulto de 1,70 metro caminhe em seu interior sem precisar se abaixar. Esse ramal abastece toda a Zona Norte do Rio e parte da Baixada Fluminense, cobrindo uma extensão de 74 km. A água que o alimenta tem origem no Ribeirão das Lajes.
Outros incidentes no fim de semana
No último domingo, o rompimento de outra adutora, também em Rocha Miranda, causou a interrupção temporária do abastecimento de água em regiões dos municípios do Rio, Japeri, Nova Iguaçu e Queimados, informou a Águas do Rio. O fornecimento começou a retomado gradualmente após a conclusão do reparo emergencial, nesta segunda-feira pela manhã.
Já no sábado, houve o rompimento de uma tubulação de grande porte localizada na Elevatória de Água do Juramento, em Vila Kosmos, também na Zona Norte do Rio.