MC Poze e Vivi Noronha em casamento no Rock in Rio — Foto: Instagram
Investigação apura esquema de rifas fraudulentas que finge seguir a Loteria Federal, mas usa app com indícios de manipulação
Viviane Noronha Geovanini, conhecida como Vivi Noronha, foi alvo na última sexta-feira de uma operação da Polícia Civil, que investiga sorteios ilegais promovidos nas redes sociais dela e de outros influencers. Segundo a delegada delegada Josy Lima Leal Ribeiro, titular da Delegacia de Defraudações (DDEF), a mulher do MC Poze do Rodo e os outros envolvidos tiverem as contas bancárias bloqueadas pela polícia neste sábado. O influenciador Roger Rodrigues dos Santos, o Roginho Du Ouro, reclamou nas redes sociais por estar "duro e liso".
A operação, batizada de "Rifa Limpa," aponta que o "núcleo" da influenciadora Vivi Noronha movimentou cerca de R$ 10 milhões entre maio de 2022 ao mesmo período de 2023, com rifas fraudulentas, oferecendo prêmios em dinheiro. Segundo a polícia, Vivi usava seu perfil no Instagram, com mais de 1,6 milhão de seguidores, para incentivar a compra de bilhetes ao valor de R$ 0,99. Ela também oferecia prêmios extras aos seguidores que comprassem mais bilhetes, prometendo pagamentos via Pix entre R$ 500 e R$ 100 mil.
O objetivo da investigação é recolher documentos que comprovem fraudes nos sorteios realizados e nas entregas dos prêmios aos ganhadores supostamente contemplados. O marido de Viviane, MC Poze do Rodo, apesar de não ter sido alvo da busca e apreensão, também está sob investigação no inquérito. Por não ser alvo da operação, ele não teve a conta bancária bloqueada.
O influenciador Roger Rodrigues dos Santos, o Roginho Du Ouro, também é investigado por movimentar milhões com o esquema de rifas fraudulentas de carros, bebidas e eventos. Segundo a investigação, Roger teria movimento em apenas cinco meses cerca de R$ 15 milhões. Ele é apontado no inquérito como responsável pela lavagem do dinheiro obtido com as rifas ilegais, usando para isso uma distribuidora de bebidas registrada em seu nome. Com a conta bancária bloqueada, ele se manifestou nas redes sociais.
"Eu não aguento. Sem moto, sem carro, a pé, sem meus ourinhos, nada, liso. Sem meu relógio, liso e com minha conta bancária. Aí, eu não aguento não. Duro? Ah, não", declarou no Instagram.
Na casa dele foram encontrados R$ 120 mil em espécie, uma máquina de contar dinheiro e uma mala com cédulas falsas — que, de acordo com a polícia, seriam usadas para enganar os apontadores.
Os agentes explicaram que Roger utilizava uma distribuidora de bebidas registrada em seu nome para lavar dinheiro, integrando um esquema criminoso. Seu irmão, Leandro de Medeiros, e sua esposa, Juliana Fiocchi dos Santos, também estariam envolvidos na operação. Outro membro do grupo, William Douglas Barbosa Oliveira, atuava com Leandro como "promotor" das rifas. Todos fazem parte da organização conhecida como "Família Du Ouro".
Alvos de busca e apreensão
Na manhã da última sexta-feira, agentes da Delegacia de Defraudações fizeram buscas na casa onde o cantor e a influencer moram, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Ao todo, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão. Poze falou sobre a operação em vídeo publicado em seu perfil no Instagram e afirmou que apenas sua esposa foi alvo da ação:
"Os caras vieram aqui em casa, mandado de busca e apreensão. Eu não sou o indiciado, não foi sobre mim. Foi sobre minha esposa. Mas como vocês sabem também nós estamos super tranquilos, não fazemos nada de errado. Sabe como é, né? Quando o favelado começa a colocar a 'bagaça' no bolso, incomoda. E é isso aí. Creio eu que até semana que vem já estará tudo resolvido. Meus carros, meus ouros, celular, tudo o que levaram... porque levaram tudo. Eu não estou nem no 'bagulho', mas levaram. Mas tranquilo. (...) Tudo sendo resolvido com os nossos advogados".
Na residência de Poze e Vivi foram apreendidos, segundo a polícia, 11 telefones celulares, dez porta-joias, dois radiotransmissores e 16 joias, incluindo cordões de ouro e diamantes. Quatro carros alvos dos mandados — avaliados em mais de R$ 1 milhão — também foram levados para a Cidade da Polícia, além de bens como motocicletas e joias.
A influenciadora utiliza as redes sociais para incentivar a compra de bilhetes de sorteios com prêmios em dinheiro. De acordo com a polícia, um dos investigados do inquérito é Matheus Gouveia Mendes, titular da conta responsável por receber os pagamentos das rifas promovidas pela influenciadora. Ele também é apontado na investigação como facilitador na entrada de capital no esquema, atuando por meio de um intermediador de pagamento.
Entre os demais alvos da operação estão os influencers Roger Rodrigues dos Santos, o Roginho Dú Ouro; Jonathan Luis Chaves Costa, o Jon Jon; e Bolívar Guerrero Silva, cirurgião plástico equatoriano que já foi preso em 2022 por manter uma paciente em cárcere privado num hospital particular, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e que responde a pelo menos 19 processos na Justiça. Secretárias do médico, Ítala Ferreira Lima e a filha, Edvania Ferreira da Silva, ajudavam a promover a rifa e dividiam o lucro com ele, de acordo com as investigações.