Municípios de São Francisco de Itabapoana, Campos dos Goytacazes, São João da Barra e Quissamã, no Norte Fluminense, querem ter seu abacaxi reconhecido pela qualidade única
Sabia que comida também pode ser de marca? Pois é! Quatro cidades do estado estão em campanha para ter uma fruta grifada. Os municípios de São Francisco de Itabapoana, Campos dos Goytacazes, São João da Barra e Quissamã, no Norte Fluminense, querem ter seu abacaxi reconhecido pela qualidade única.
A Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) é quem vem capitaneando o movimento pelo reconhecimento, que destaca, diferencia e atesta a qualidade de um produto. Recentemente, a área ganhou o Laudo de Delimitação da Área Geográfica de Produção, o que é um passo importante para conseguir uma Indicação Geográfica. Este selo, que é dado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), reconhece oficialmente que aquele produto possui características exclusivas ligadas ao solo, clima e cultura local. A ideia é a mesma de ter um óculos ou uma roupa de marca: torna aquela fruta especial, objeto de desejo. E não sem motivo. Sabor e suculência não faltam.
— A Indicação Geográfica é uma ferramenta estratégica que valoriza o conhecimento tradicional, fortalece a economia regional e amplia a competitividade dos produtores. Ao reconhecer a singularidade do abacaxi do Norte Fluminense, estamos impulsionando cadeias produtivas que unem tradição, ciência e inovação, criando novas oportunidades de negócios e consolidando o interior do estado como um polo de desenvolvimento sustentável — diz Caroline Alves, presidente da FAPERJ.
A Faperj investiu R$ 355,9 mil em pesquisa técnica científica para melhorar as características do fruto, relacionadas à localização geográfica e características do solo. A ideia é que o fruto seja mais docinho e tenha bastante suco. Delícia!
Fruta tecnológica
Em Campos dos Goytacazes, a produção de abacaxi tem sido crescente nos últimos anos. Só em 2024, foram produzidos mais de 22 milhões de frutos na cidade, vários deles pesando mais de 2kg. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca, somam dois mil hectares no município, principalmente, em áreas como Travessão, Balança Rangel, Boa Vista Italiana e Baixada Campista. A colheita de 2024 foi de mais de 22 milhões de frutos. Os abacaxis são vendidos por uma média de R$ 5 dentro das propriedades. Só no ano passado, o valor da produção dentro da porteira foi de R$ 50 milhões.
Segundo o secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca de Campos, Prof. Almy Júnior, os produtores de abacaxi de Campos vem usando novas tecnologias na produção.
— Com as técnicas mais modernas, eles vêm conseguindo produzir fora da grande safra do abacaxi e obtendo valores melhores. Isso é fundamental para ter estruturação de classificação para atender ao mercado. Se não tiver abacaxi sempre, perde o mercado. É uma planta altamente resistente. Com irrigação, produz mais e melhor. Estamos em uma região que tem tudo para crescer e produzir abacaxi para exportação — diz Almy Junior.
Em Quissamã, o feito também vem sendo comemorado.
— Celebramos um grande avanço para a agricultura da nossa região. A certificação do abacaxi do Norte Fluminense como produtos de origem reconhecida fortalece nossos produtores e impulsiona a economia local. Esse é um passo importante para agregar valor, abrir mercados e garantir a preservação da nossa tradição agrícola. Seguimos firmes no compromisso de desenvolver e valorizar a produção rural de Quissamã e de toda a região — diz Jorge Penha, secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Pesca de Quissamã.
Comidas nacionais que têm grife
A Indicação Geográfica de um alimento, além de chancelar a qualidade, tem o poder de aumentar o interesse turístico pelas áreas produtoras. Para entender a importância do selo, vão aí alguns exemplos.
Quando você pensa no Queijo Canastra, sabe que não é um queijo qualquer, certo? Ele é reconhecido nacionalmente pela sua qualidade e sabor único.
E a cachaça da Paraty? A cidade tem até um festival exclusivo dedicado à bebida produzida por lá.
Café do Cerrado Mineiro: quem gosta de café, logo sabe que esse daqui é diferente e garantia de qualidade lá no alto.