Fábrica de óleo que pegou fogo na Ilha do Governador fez simulação de emergência há um mês

Moradores relataram surpresa com acidente, que não teve vítimas, em planta da empresa Moove na Ribeira

Um incêndio de grandes proporções atingiu, na tarde de sábado (8), a fábrica de óleo de combustível da empresa Moove, localizada na Ribeira, Ilha do Governador. Moradores do condomínio Prainha da Ilha, vizinho à planta industrial, relataram que, há cerca de um mês, foram notificados sobre a realização de um simulado de plano de emergência mútua, que incluiria o acionamento de uma sirene de alerta, mas sem necessidade de evacuação. Ontem, no entanto, a primeira notícia do incêndio veio apenas com a movimentação intensa de ambulâncias na região.

De acordo com a profissional autônoma Gisele Ferreira, por volta das 13h, os moradores viram das janelas a espessa fumaça preta e correram para a parte de baixo do residencial em busca de informações.


— Ninguém foi avisado e ficamos assustados com o que vimos. Por sorte, a fumaça não veio em direção interna do bairro. Um amigo que trabalha lá me disse que teve um incêndio de menor proporção na semana passada, mas que o fogo foi controlado internamente. Não sabemos de nada, mas vamos ficar atentos para qualquer mudança na situação.


Moradores da Rua Campo da Ribeira, desde a década de 1970, o ex-funcionário da companhia aérea Varig, Maurício Carlos de Souza, disse que até o momento ninguém recebeu orientação da empresa ou de órgão público sobre os possíveis impactos do incêndio na vizinhança.


— Escutei o bombeiro passando, aquele barulho de sirene. Não ouvi explosão, apenas muita fumaça e essa movimentação aqui. Da janela, dá para ver tudo. Por enquanto, não pediram para ninguém sair.

Do outro lado do bairro, na Praia do Zumbi, apesar da visão da grande fumaça, os moradores aparentavam tranquilidade com a situação. Quiosques, festas e banhistas curtiam o dia sem mostrar preocupação.


— Acredito que não há motivo para pânico, porque ninguém avisou nada. Dá para ver tudo, até as chamas que aparecem. Mas não temos o que fazer. Vou ficar por aqui curtindo até que algo mude — disse a dona de casa Zélia Alves.


A fumaça do incêndio dava para ser vista da Avenida Brasil entre os bairros de Olaria e Bonsucesso. Quem trafegava pela Estrada do Galeão tinha a impressão de ver uma tempestade se aproximando.


Os bombeiros informaram ontem que o trabalho de combate ao fogo ia continuar durante a madrugada. A fábrica pertence à Moove e fica na Rua Campo da Ribeira. Segundo a empresa, o incêndio foi restrito à área da empresa, e todos os protocolos de segurança necessários foram aplicados. Veja a nota:


"Um incêndio de grandes proporções, e sem vítimas, atinge nesse momento a planta da Moove, na Ilha do Governador. Os bombeiros militares já estão atuando na contenção do incêndio, que está restrito à área da Moove. Todos os protocolos de segurança necessários estão sendo aplicados. A fábrica estava inoperante neste sábado. O incêndio foi próximo a uma das linhas de produção", dizia a nota enviada no sábado.

Equipes dos quartéis do Fundão, Central, Penha e Ilha do Governador foram mobilizadas para o local. Diante da proporção do incêndio, militares de Campos Elísios, Barra da Tijuca e São Cristóvão também foram atuar no combate às chamas. Drones foram usados pelos bombeiros para auxiliar as equipes. O Centro de Operações Rio (COR) fez um alerta aos motoristas que passam pelo local. Técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) também foram ao local.


O incêndio não atingiu os tanques de armazenamento de combustível, que são interligados com a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) por tubulações que passam por baixo da Baía de Guanabara, o que poderia ter causado uma explosão. Moradora do bairro, a vereadora Tânia Bastos (Republicanos) afirmou que vai levar a discussão para o conselho de segurança do bairro.


— Vou levar essa discussão para o conselho de segurança do bairro. Felizmente, o incêndio não foi nos tanques de armazenamento de combustível. Eles são interligados com a Reduc por tubulações que passam por baixo da Baía de Guanabara e poderia haver uma explosão. Outra preocupação que temos é com o risco de acidentes na Estrada do Galeão por causa da circulação de caminhões de combustível na via — afirmou a vereadora.


Através de nota divulgada por sua assessoria, o governador Claudio Castro disse que mais de 65 militares de 15 quartéis do Corpo de Bombeiros chegaram ao local rapidamente, atuando no incêndio e também no resfriamento e proteção das áreas não atingidas, para evitar propagação. Ele também destacou a atuação da Polícia Militar, com o 17° BPM, para garantir a segurança da população e isolar a área afetada.


"Minha solidariedade e apoio aos trabalhadores, comerciantes e moradores que estão sendo prejudicados," disse o governador na nota.

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