Diário de Recife | As Últimas Notícias do Brasil Vice de Nunes defende policiais acusados de gesto nazista e que queimaram cruz em SP: 'Quem critica não entende nada de polícia'

Vice de Nunes defende policiais acusados de gesto nazista e que queimaram cruz em SP: 'Quem critica não entende nada de polícia'

O vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Mello Araújo, é coronel aposentado da PM e ex-comandante da Rota. Filiado ao PL, foi indicado a vice na chapa de Nunes por Jair Bolsonaro.

O vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Mello Araújo (PL), saiu na quarta-feira (16) em defesa dos policiais do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) de São José do Rio Preto (SP), que são acusados de apologia ao nazismo.


Em um vídeo que circulou nas redes sociais, os agentes aparecem colocando fogo em uma cruz com o braço erguido na altura do ombro, gestos que têm sido comparados aos rituais da “Ku Klux Klan” e a atos nazistas na web e que passaram a ser investigados pelo Ministério Público de SP.

Ao comentar em uma rede social um vídeo em que o tenente-coronel Costa Junior, que comanda o 9° Baep, justifica o ato, o vice de Ricardo Nunes (MDB) disse que “quem critica [o gesto dos policiais no vídeo] não entende nada de polícia”.


“Quem critica é porque não entende nada de polícia e nunca vai entender. São especialistas em denegrir, parabéns aos policiais militares que passaram pelo treinamento difícil que prepara vcs para as piores missões”, escreveu o vice-prefeito.

O DR procurou o vice-prefeito, e ele explicou que existem várias simbologias no meio militar em cerimônias de formatura.


“Na polícia eu já fiz vários cursos de operações especiais. Cursos para tropas de elite. São cursos que muitos começam e poucos terminam. Em todos esses cursos, inclusive na Swat [tropa de elite dos EUA], como são muito difíceis de fazer e terminar, existe esse simbolismo de que cada um vai carregar a sua cruz individualmente”, contou.


“Nesses cursos você recebe uma cruz e um número. Ninguém mais é capitão, coronel, soldado. Você é o Zero Um, Zero Dois, por exemplo. Então, aqueles que conseguem terminar, fazem na formatura essa queima da cruz, como símbolo da sobrevivência e triunfo sobre as dificuldades”, afirmou o vice-prefeito.

“Aqueles que desistemdepositam seu capacete ou boné na cruz e se despedem do grupo de treinamento. Então, para quem conseguiu continuar, aquele desistente ou desligado é alguém que ‘morreu’ para aquele treinamento. É assim em todos os cursos de grupos de elite de forças militares. No mundo inteiro funciona assim”, explicou.

Sobre o gesto do braço erguido, que chamou atenção por semelhanças à saudação nazista, o ex-coronel da Rota afirmou que se trata de um juramento que acontece na Polícia Militar desde a sua formação, há mais de 190 anos.

“Nessas formaturas de forças especiais você faz um juramento. A Polícia Militar é a única no mundo que você diz no juramento que daria a própria vida pela sociedade, se preciso for. São coisas que existem em instituições militares não só em SP, mas no Brasil e no mundo inteiro. Não há nenhuma ligação com coisa errada e ruim, como alguns querem fazer passar”, declarou.

Experiência na PM

Mello Araújo é coronel aposentado da Polícia Militar e ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).


Com 53 anos, o vice-prefeito vem de uma família de militares e foi a terceira geração a atuar na segurança pública de São Paulo. O próprio filho dele também está na PM e é a quarta geração da família na instituição de 190 anos.


O ex-Rota chegou à política por meio da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o nomeou presidente da Ceagesp durante os anos de 2020 e 2023.


Em troca de apoio eleitoral a Nunes na eleição de outubro do ano passado, Bolsonaro exigiu que Mello Araújo ocupasse o vaga de vice na chapa vencedora do pleito de 2024.


Justificativa dos gestos nazistas

No vídeo em que o tenente-coronel Costa Junior também justificou o ato da corporação como rotineiros na corporação.


No pronunciamento, publicado no Instagram do Baep, o comandante afirmou que o objetivo principal da cerimônia é "valorizar o empenho e o esforço que os policiais dedicaram ao longo do período de estágio" antes da entrega dos braçais que os identificam como parte desse grupo de policiais (assista abaixo).

Segundo Costa Junior, o vídeo publicado na terça-feira (15), que mostra uma cruz em chamas, uma trilha com velas e um brasão de fogo no chão, no qual consta a palavra “Baep”, com pelo menos 14 policiais ao redor, não tem nenhum cunho religioso, racial ou político.


“Devemos esclarecer que, em nenhum momento, tivemos a intenção de trazer uma cerimônia com cunho religioso, político, racial. Isso não faz parte da nossa rotina, nós não fazemos rituais; nós cumprimos cerimônias, e esse foi o único propósito daquilo que aconteceu”, explicou.

Ainda de acordo com o comandante, os elementos na cerimônia possuem uma simbologia dentro dos princípios da Polícia Militar.


“A estrutura em formato de cruz envolta em chamas simboliza a vitória sobre os sacrifícios e o peso que doravante o policial adquire para honrar esse Baep que conquistou. O caminho iluminado simboliza toda a trajetória difícil percorrida pelos policiais até chegarem à etapa do juramento e reafirmam, perante toda sociedade, até nos sacrifícios da própria vida, defendê-la a qualquer custo”, explica no vídeo.

Após repercussão negativa na web, o vídeo da cerimônia foi apagado do Instagram do Baep na tarde de terça, pouco tempo depois de ter sido publicado. Segundo o comandante, a medida foi tomada para evitar que houvesse algum tipo de confusão por parte dos internautas.


“Optamos em retirar devido a toda essa repercussão que não desejávamos, mas é importante trazer agora esse esclarecimento e deixar bem claro para o cidadão rio-pretense e de toda a nossa região que o Baep não se confunde. Isso não vai trazer qualquer confusão ou abalar o nosso compromisso em defesa da sociedade, em combater o crime e cumprir as leis”, explica.

Ministério Público investiga conduta de PMs

Na quarta-feira, o Ministério Público confirmou ao g1 que vai investigar o caso. A promotoria da Justiça de Rio Preto deu prazo de dez dias ao comando do Baep local para que informe sobre as medidas adotadas em relação à publicação do vídeo.


Ainda segundo o MP, as ações estão sendo comparadas aos rituais da “Ku Klux Klan” na web. Internautas ainda relacionaram o ritual com um ato nazista. Outros classificaram como algo “desrespeitoso” e “fora dos padrões”.


Em São Paulo, a deputada estadual Ediane Maria (PSOL-SP) também protocolou um pedido de investigação ao Ministério Público, em razão de imagens divulgadas de agentes da Polícia Militar.

O que diz a Polícia Militar

A Polícia Militar, por sua vez, justificou que o vídeo mostra a cerimônia de encerramento de um treinamento noturno, com o intuito de representar simbolicamente a superação dos limites físicos e psicológicos enfrentados, mas que em nenhum momento houve intenção de associar a ideologias políticas, raciais ou religiosas.


Ainda assim, a corporação disse que vai investigar as circunstâncias da produção dos vídeos. A Polícia Militar ainda completou que repudia qualquer alusão a símbolos nazistas, bem como qualquer manifestação de intolerância, preconceito ou discriminação.

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